Andaimes do Pensamento

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Andaimes feitos de bambu

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

GLÓRIA NOS CÉUS E PAZ NA TERRA

“Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor.” (Evangelho de Lucas 2.14)

Uma das palavras mais frequentemente ligadas à descrição de Deus é a palavra “glória”. Por constar em várias passagens bíblicas, esta palavra aparece com frequência na nossa linguagem cristã. Nossas mensagens, letras de canções, conversações diárias e até interjeições citam “glória” com muita facilidade. Nem sempre, porém, pensamos com clareza sobre o sentido real dessa tão constante expressão.

Nas Sagradas Escrituras “glória” expressa uma idéia de peso, algo intenso e incontornável. Fala de luminosidade ofuscante, algo que não pode ser ignorado, algo cuja presença se faz sentir de maneira inegável. Estas idéias não são em si boas. Um terremoto é algo que não se pode ignorar, mas que é percebido com um profundo sentimento de terror. Um oposto à glória é a mais pacífica serenidade. A paz, a mansidão de uma alma segura, é uma espécie de oposto ao terror provocado pela intensidade fulgurante da glória.

A princípio, glória e paz seriam opostos irreconciliáveis. Ou sou assustado e perturbado pela glória, ou sou confortado e serenado pela paz. Mas o Natal, o advento do Salvador, Jesus, traz a imagem da perfeita conciliação entre glória e paz.

O evangelho de Lucas narra a cena dessa conciliação. Um grupo de pastores é chocado pela visão de anjos, seres celestiais criados por Deus que traziam uma mensagem. A aparição desses anjos criou uma atmosfera gloriosa. Por trazerem uma mensagem vinda do trono do Eterno, estes anjos manifestaram algo do peso e da claridade daquele que os enviara. Assim os pastores ficaram aterrorizados, mais do que se fossem surpreendidos por uma catástrofe natural.

Foi necessário que o anjo os confortasse diante do tremendo susto: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o salvador, que é Cristo, o Senhor.”(Lucas 2.10,11)

O brilho fulgurante e pirotécnico da manifestação celestial é contrastado com a manifestação gentil do Messias prometido no mundo: “Isto lhes será de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura.”(Lucas 2.12) O Salvador, que teria glória mais intensa do que a de todos os anjos juntos, apresenta-se da maneira mais pacífica possível. Ele é um bebê indefeso, carente dos cuidados mais elementares, guardado em um ambiente inóspito, próprio não a um recém-nascido, mas a animais. Uma imagem que, longe de produzir em nós medo, produz os sentimentos de conforto, de paz. Apesar das dificuldades pelas quais passaram seus pais, o bebê está sob cuidados minimamente necessários para a sua sobrevivência.

Na encarnação de Cristo encontramos a perfeita conciliação entre glória e paz. Nas maiores alturas, Deus habita na mais intensa glória, glória esta que deveria consumir este mundo de misérias, eliminando tudo que contrasta com o resplendor divino. Mas Deus envia seu Filho para se envolver em nossa miséria. Ele abre mão do peso de glória celestial e se faz um de nós. Em seu envolvimento, o Cristo se submete à humilhação para nos trazer a paz. Glória nas alturas e paz na terra só são possíveis em Jesus! Aleluia! Que neste Natal nossas vozes se unam ao coro celestial!